Será que eu sou patriota? Terei eu o sentimento de amor ao meu país? Como essa sensação se manifestaria em mim? Certa vez, um amigo contou-me que descobriu esse amor quando viajou para o exterior. Segundo ele, ao ver a bandeira brasileira durante uma viagem, sentiu vontade de chorar, teve saudades e concluiu que aquilo era patriotismo e que só poderia ser avaliado quando sentido. É como a fé. São sentimentos íntimos, profundos, que vêm da alma, do coração. Lembro-me que o escutei atentamente, desejando passar por aquela experiência.
O tempo passou e, com filhas em idade escolar e por motivos profissionais, acabei por assistir às formaturas do Colégio Militar do Rio de Janeiro. São eventos grandiosos com desfiles de alunos uniformizados em suas fardas de gala, em cores vibrantes que nos saltam aos olhos. A instituição comemora seu aniversário, anualmente, no dia 6 de maio, quando as portas são abertas e a bela alameda de palmeiras imperiais aparece graciosamente enfeitada com as cores vermelha e azul. A essa paisagem misturam-se os alunos com vaivém típico da adolescência e que pretendem, nesse dia especial, demonstrar sua admiração pelo colégio. À medida que a festa vai se desenrolando, a banda começa a tocar e os jovens iniciam o desfile até a praça onde está instalada a Casa Rosa, o Palacete da Baronesa de Itacurussá, sede do Comando do Colégio Militar do Rio de Janeiro – Casa de Thomaz Coelho, e carinhosamente chamado pelos alunos e ex-alunos de Palacete da Babilônia, tão admirado pelo belíssimo estilo neoclássico, possui uma longa história de mais de 167 anos.
Hoje creio que fui tomada pelo sentimento descrito por meu amigo há anos, narrativa da qual nunca esqueci. Aconteceu ao ouvir as canções e presenciar os alunos marchando e, mais tarde, no momento em que foi anunciado: “agora cantaremos o Hino Nacional”. Assim que se iniciaram os acordes, meus olhos lacrimejaram discretamente. Concluí que sim. Amo meu país mesmo sabendo que, eventualmente, poderei não ser correspondida.